II PARTE
Praia de Touros - Janeiro de 2013
Como eram as brincadeiras de crianças e adolescentes tourenses nos anos de 1970 na cidade de Touros - RN? As brincadeiras de meninos e
meninas eram: esconde- esconde, pula corda, policia e ladrão, passa anel,
batata quente, amarelinha, cabeção, conhecido pelo nome de amarelinha. São uns
quadrados desenhados no chão e após marcar um deles só se pode pular em cima
dos demais um por vez.
“Tô no poço” era outra
brincadeira em que os meninos, já adolescentes encontravam uma desculpa para
dar um cheiro na menina que estava paquerando. Porém como ele ficava de olhos
fechados não tinha certeza para qual pessoa com a qual poderia dar um aperto de
mão, ou um passeio, ou um beijo estava apontando (que era no rosto), o negócio
era fazer por onde acertar a menina, na hora em que se perguntava, é essa? É
essa?
Para a adolescência, citamos os
assustados, eu não participei, mas Marcondes Moreira do Nascimento nos relata
que era uma festa com som a base de uma radiola, às vezes de pilha, e com
aqueles discos enormes. Reuniam uma turma de moças e rapazes e iam dançar.
Minhas irmãs, Maria Alécia Teixeira da Costa e Maria Auxiliadora Teixeira da
Costa participaram.
As festas eram realizadas no
Samburá (Clube Particular de propriedade de Dona Ivonete) e no Clube Municipal
da cidade, onde é hoje o Centro de Turismo, além de outros espaços, como a
Quadra do Grupo Escolar que era localizada ao lado do prédio. Festividades eram
realizadas conforme as datas: em janeiro, a procissão do Bom Jesus dos
Navegantes, evento marcante e respeitado pela população; em fevereiro, o
carnaval: assistíamos o bloco organizado por seu Cícero Raimundo da Silva
(Cícero Pinico); saíamos no bloco, o Caramujo, organizado por Dona Ivonete, “o
urso” de seu Belchior; em junho as festas juninas, e assim seguíamos os cursos
do calendário anual.
Reviver estas lembranças
constitui um momento de saudades. Conto essas memórias, pois sei que um dia
talvez sirvam para alguém falar do que viveu baseado nelas, para preservar a
cultura de um povo praieiro, de um tempo em que a infância era mais vivida. Se
existia o trabalho infantil nos anos de 1970 em Touros, não podemos negar, mas
eu, graças a Deus não o conheci. O lugar da criança é na escola, e brincar,
viver uma etapa da vida que não volta mais.
O que fazem as nossas crianças
tourenses, hoje, 27 de setembro de 2009? Soube através de conversas que elas
precisam de mais atenção por parte das autoridades; que muitas crianças
trabalham nas ruas; que elas não têm espaço, não tem opção na cidade para as
brincadeiras; que não há uma preocupação por parte de certas famílias sobre o
que fazem ou deixam de fazer os seus filhos; que alguns adolescentes caminham
para os vícios e a prostituição. Tudo isso provoca em mim uma grande tristeza.
E assim, eu me pergunto: quais os
espaços e as condições que são encontradas nas escolas, nos projetos
educacionais (caso eles existam) para o desenvolvimento das brincadeiras para a
infância? Como tem sido tratada a brincadeira na escola? O que tem acontecido
aos nossos adolescentes?
Quem sabe, este meu reviver sobre
a infância e adolescência em Touros nos anos de 1970 e a sua socialização
através da Folha do Mato Grande, permita que as autoridades locais reflitam
sobre tudo isso; que as professores, educadoras considerem a necessidade das
brincadeiras em sua ação pedagógica? Quem sabe?