sexta-feira, 4 de outubro de 2013

INFÂNCIA E ADOLESCÊNCIA EM TOUROS NOS ANOS DE 1970

II PARTE
 
 
Praia de Touros - Janeiro de 2013
 
Como eram as brincadeiras de crianças e adolescentes tourenses nos anos de 1970 na cidade de Touros - RN? As brincadeiras de meninos e meninas eram: esconde- esconde, pula corda, policia e ladrão, passa anel, batata quente, amarelinha, cabeção, conhecido pelo nome de amarelinha. São uns quadrados desenhados no chão e após marcar um deles só se pode pular em cima dos demais um por vez.

“Tô no poço” era outra brincadeira em que os meninos, já adolescentes encontravam uma desculpa para dar um cheiro na menina que estava paquerando. Porém como ele ficava de olhos fechados não tinha certeza para qual pessoa com a qual poderia dar um aperto de mão, ou um passeio, ou um beijo estava apontando (que era no rosto), o negócio era fazer por onde acertar a menina, na hora em que se perguntava, é essa? É essa?

Para a adolescência, citamos os assustados, eu não participei, mas Marcondes Moreira do Nascimento nos relata que era uma festa com som a base de uma radiola, às vezes de pilha, e com aqueles discos enormes. Reuniam uma turma de moças e rapazes e iam dançar. Minhas irmãs, Maria Alécia Teixeira da Costa e Maria Auxiliadora Teixeira da Costa participaram.

As festas eram realizadas no Samburá (Clube Particular de propriedade de Dona Ivonete) e no Clube Municipal da cidade, onde é hoje o Centro de Turismo, além de outros espaços, como a Quadra do Grupo Escolar que era localizada ao lado do prédio. Festividades eram realizadas conforme as datas: em janeiro, a procissão do Bom Jesus dos Navegantes, evento marcante e respeitado pela população; em fevereiro, o carnaval: assistíamos o bloco organizado por seu Cícero Raimundo da Silva (Cícero Pinico); saíamos no bloco, o Caramujo, organizado por Dona Ivonete, “o urso” de seu Belchior; em junho as festas juninas, e assim seguíamos os cursos do calendário anual.
Reviver estas lembranças constitui um momento de saudades. Conto essas memórias, pois sei que um dia talvez sirvam para alguém falar do que viveu baseado nelas, para preservar a cultura de um povo praieiro, de um tempo em que a infância era mais vivida. Se existia o trabalho infantil nos anos de 1970 em Touros, não podemos negar, mas eu, graças a Deus não o conheci. O lugar da criança é na escola, e brincar, viver uma etapa da vida que não volta mais.
 
O que fazem as nossas crianças tourenses, hoje, 27 de setembro de 2009? Soube através de conversas que elas precisam de mais atenção por parte das autoridades; que muitas crianças trabalham nas ruas; que elas não têm espaço, não tem opção na cidade para as brincadeiras; que não há uma preocupação por parte de certas famílias sobre o que fazem ou deixam de fazer os seus filhos; que alguns adolescentes caminham para os vícios e a prostituição. Tudo isso provoca em mim uma grande tristeza.

E assim, eu me pergunto: quais os espaços e as condições que são encontradas nas escolas, nos projetos educacionais (caso eles existam) para o desenvolvimento das brincadeiras para a infância? Como tem sido tratada a brincadeira na escola? O que tem acontecido aos nossos adolescentes?
Quem sabe, este meu reviver sobre a infância e adolescência em Touros nos anos de 1970 e a sua socialização através da Folha do Mato Grande, permita que as autoridades locais reflitam sobre tudo isso; que as professores, educadoras considerem a necessidade das brincadeiras em sua ação pedagógica? Quem sabe?

 
 Maria Antônia Teixeira da Costa

 
 
 
 
 
 
 

quinta-feira, 3 de outubro de 2013

INFÂNCIA E ADOLESCÊNCIA EM TOUROS NOS ANOS DE 1970

 
I PARTE
 
 
Fila de cima, da esquerda para direita: Maria Alécia Teixeira da Costa; Maria Antônia Teixeira da Costa. Fila de baixo: Maria de Fátima Teixeira da Costa, Emídio Manoel Teixeira da Costa, João Batista Teixeira da Costa, José de Anchieta Teixeira da Costa
 
 
                                                                                            Maria Antônia Teixeira da Costa
 
 
A educação, como diz o sociólogo francês, Émile Durkheim é um processo de socialização em que as gerações mais velhas transmitem para as gerações mais novas os valores, as normas a forma de viver de uma sociedade. Nesse sentido, ela acontece em todos os espaços sociais. Partindo desta definição, perguntamos: como as mulheres tourenses, os pais, em pleno século XXI, educam seus filhos? E nos anos de 1970, como educavam? Como está e vive hoje a infância e adolescência em Touros? Que brincadeiras as crianças realizam?

Pensando nestas questões recordarei minha infância e parte da adolescência vivida em Touros nos anos de 1970. Reportar-me-ei também a educadora e mãe que sou.

Nos anos de 1970, Touros era uma pequena cidade interiorana, com um povo de costumes brejeiros e a meu ver valores inestimáveis: amizade, respeito, solidariedade, sinceridade, honestidade, os quais não os encontramos em evidência nos anos 2009 deste século XXI. Nos anos de 1970, distante da Capital por mais de 04 horas de viagem de ônibus, as coisas demoravam a chegar à cidade. O ônibus de seu Antônio Inácio saia às 04h00min horas da manhã de Touros, por volta das 05h00min estava chegando a Boa-Cica para tomarmos um gostoso café na barraca de Dona Cecília, no pequeno mercado. Por volta das nove horas da manhã, se o ônibus não quebrasse, chegávamos a Natal. O motorista do ônibus dizia: “Vamos parar e tomar um cafezinho”. Depois do município de Pureza, seu Antônio, o motorista, dizia: “vamos apanhar mangaba”. Vocês estão entendendo, o que significa? Apanhar mangabas era atender as necessidades fisiológicas perto dos pés de mangaba.
Para se ter uma idéia nós comíamos maçã quando mamãe ou vovó viajava e trazia de Natal; tomávamos guaraná com biscoito quando estávamos doente. Diferente de hoje, com a globalização, as mercadorias circulam com a velocidade extraordinária, ou seja, você pode comprar ou adquirir produtos produzidos na China, no Japão em qualquer cidade do país, em pequenas cidades.

A televisão era um bem de luxo, apenas umas cinco pessoas de Touros possuíam uma televisão em casa. Lembro-me que um dos poucos canais que pegava era a TV Educativa e nesta assistimos a copa de 1974. O programa exibido para as crianças era Vila Sésamo, em preto e branco. As lojas que vendiam tecidos ou roupas eram a loja de Joaquim Gomes e a Maré Mansa, que ao lado do mercado em uma banca e com um microfone anunciava as mercadorias. Não tínhamos supermercados, nem lojas de móveis, nem bancos, nem bancas de revistas, nem internet, nem jornal, nem emissoras de rádio. De escolas tínhamos o Grupo Escolar Cel. Antônio do Lago, e o Ginásio Comercial de Touros (hoje Escola Dr. Orlando Flávio Junqueira Aires) que teve o primeiro ano de funcionamento em 1970.

Na década de 1970, as mães que conheci, além da minha, ensinavam aos filhos a respeitarem os mais velhos, a cederem o lugar para eles sentarem, a segurarem em suas mãos para atravessarem às ruas. Não poderíamos participar da conversa dos mais velhos, no caso, quando a nossa mãe recebia visita, nós não participávamos da conversa, como muitos filhos fazem hoje, inclusive, na maioria das vezes desmentindo a mãe.
A juventude que morava às ruas localizadas no centro da cidade, tais como Rua Pedro II, Cel. Antônio Antunes, Av. Prefeito José Américo, se reunia na calçada do antigo Samburá, era um Clube de propriedade de Dona Ivonete, casado com seu João, como não tenho os nomes completos deles, digo que são os pais de Ana, Zé Antônio e Didi. O Samburá era um Clube situado á Rua Cel. Antônio Antunes, de frente para a Caixa d’água. Nesta reunião cada um mostrava suas habilidades, alguns tocavam violão, outros cantavam, outros ainda contavam piadas, ouvíamos músicas e conversávamos banalidades e coisas sérias.. Drogas como a maconha era um bicho papão para nós, apesar de sabermos que muitos jovens nas grandes cidades, nesses anos aderiram à maconha.
Brincávamos de casinha com bonecas de pano e os utensílios como panelas, de barro. Fazíamos cozinhado. Um dos cozinhados que relembro, foi realizado na casa de Gorete Patriota, filha de Lindonor Patriota, nas férias de 1977. Preparamos a comida durante a noite e no dia seguinte fizemos o cozinhado. Noinho, (Lindonor Patriota Júnior) e Roberto Patriota, não estavam participando e começaram a jogar pedra em cima da cozinha. Após serem repreendidos pararam de jogar as pedras.
Nas noites de lua cheia, à Rua Pedro II, nós brincávamos de roda, entre as canções citamos: o cravo e a rosa, atirei o pau no gato, escravos de Jô, senhora dona Arcanja (Sancha). Essas brincadeiras eram transmitidas para nós através das nossas professoras do ensino primário, e também dos nossos pais e mães. Hoje em dia, não posso afirmar se ainda fazem parte das lições das professoras e dos pais e mães tourenses. Porém afirmo com toda veemência, a importância das brincadeiras infantis para a educação de um adulto feliz.

 
continua na II Parte

 

segunda-feira, 30 de setembro de 2013

MEMÓRIAS: ADORMECIDAS LEMBRANÇAS, NOVAS ESPERANÇAS.






Maria Antônia Teixeira da Costa

 

Em nossas  vidas há muitos sonhos contidos,

Guardados, escondidos,

De velhas lembranças,  de grandes paixões.

Da terra em que nascemos, do tempo de criança, das brincadeiras de outrora,

Do amor de adolescência, das histórias contadas por papai, dos amores não vividos.

Lembranças de tudo que poderia ter sido e não foi.

Assim, jaz no fundo do coração uma chama.

Dos sonhos  de quem te ama ou sonhava amar.

E o tempo?  Ah o tempo!  Não poderá torná-los esquecidos.

Lembranças adormecidas são reaquecidas,

De sonhos vividos  nos tempos perdidos,

Diálogos partilhados  através da luz,

Cabos conectados,  palavras não ditas.

As luzes se apagam, as palavras não saem.

E quando acordamos já é meia-noite,

A lua quase se esconde.

E quando despertamos já é manhã,

O sol nasceu e a lua perdeu seu brilho momentaneamente.

E quando queremos viver, as estrelas já se foram.

E os sonhos?

Permanecem guardados com as chaves dos corações

Permanecem guardados e escondidos,

Para serem lembrados e reaquecidos, e quem sabe?

Um dia vividos!

 

Maria Antônia Teixeira da Costa

Mossoró, madrugada do dia 30 de Setembro de 2013.

 

domingo, 29 de setembro de 2013

A PROFESSORA NEUZA DE AGUIAR E SEU LEGADO EDUCACIONAL



                                                                      PARTE II
                    As Professoras Neuza de Aguiar ( direita) e Maria Antônia Teixeira da Costa (esquerda) em 2001 em Natal

Em 28 de novembro de 1929, o diretor da Escola Normal de Natal, Theodoro Câmara, conferiu a Neuza de Aguiar o diploma de professora primária com todos os direitos e prerrogativas que lhe eram inerentes.

Neste período receber um diploma da Escola Normal de Natal era sinônimo de participar de um grupo privilegiado, pois a seletividade do ensino era grande e poucos tinham acesso sequer ao primário no Rio Grande do Norte. As exigências formativas eram rigorosas, os professores da Escola intelectuais, a Escola Normal era um centro de excelência de formação de professores.

A professora Neuza de Aguiar lembrou de seus professores, entre eles: Dona Júlia, professora de Matemática, o professor Francisco Ivo, Alfredo, Dr Severino Bezerra, também era professor.

Citou também o nome de suas colegas de curso, realizado na Escola Normal: Inaldir Monteiro, Margarida Melo, Nazaré Madruga, Judite, irmã de Dom Nivaldo Monte. Concluíram nessa turma 13 mulheres e 1 homem.
Para ela e a maioria das moças, os divertimentos dos anos em que cursou a Escola Normal (1926-1929), eram os passeios nas praças e nas ruas do centro da cidade e as idas aos cinemas. Ela e suas amigas mais próximas iam ao cinema Royal e o Politeon. Quem tinha namorado combinava e os levava. Tinha o fandango na esquina da Rio Branco e também o pastoril. Diz ela que “outras vezes a gente dançava. O divertimento era esse. Não se falava em droga. Os jovens não bebiam. A gente convidava o namorado para ir ao cinema, mas não pegava nem na mão, nem se beijava. Eu namorei com um que nunca me beijou”.

A professora Neuza de Aguiar inicia sua carreira como professora em 16 de julho de 1930 ao ser nomeada pelo então Presidente do Estado do Rio Grande do Norte, Juvenal Lamartine Faria para reger, interinamente, o Curso Infantil Mixto (conforme a ortografia da época) do Grupo Escolar “Capitão José da Penha”, de Baixa Verde, aonde permaneceu até 1933 quando foi nomeada pelo Diretor Geral do Departamento de Educação, Jerônimo Bezerra, de acordo com o livro 2, 177, para reger, efetivamente, a Escola Rudimentar Masculina “João Tibúrcio, de Espírito Santo, no município de Goianinha/RN

Em Goianinha as dificuldades foram muitas. Ela nos conta um pouco de sua história: “De Espírito Santo para eu ir ensinar eram três léguas. Eram três léguas de Espírito Santo para Goianinha. Eu ensinava numa casa alugada.Tudo era diferente. Até para Goianinha a gente ia pé, ou a cavalo. A gente adoecia logo. Quando chegava em Goianinha dormia na casa de pessoa amiga. Tinha tanta cobra e sapo cururu. As cobras entravam na escola. A cidade era toda de areia. Não tinha televisão, nem rádio. Não tinha nem luz elétrica, a gente colocava um candeeiro para poder estudar. Eu ficava lendo. Ensinei 4 anos em Goianinha”

A professora Neuza de Aguiar permaneceu quatro anos em Goianinha -RN, quando por Acto nº 1.055, de 25 do corrente, do Sr Governador do Estado, foi mandada servir, interinamente, no Grupo Escolar “Cel Antônio do Lago”, da Villa de Touros em 27 de janeiro de 1937. Passou nove anos como professora, após algumas promoções e mudanças de níveis, assume a direção do Grupo. de 1946 ao ano de 1967. O Grupo funcionava em 1946 com apenas o turno matutino e havia três professoras: Maria Tavares de Melo, Maria Tereza de A. Teixeira e a própria diretora, Neuza de Aguiar.

A professora Neuza de Aguiar narrou que durante os anos em que exerceu a direção do Grupo Escolar Cel Antônio do Lago, realizou tanto atividades relativas à direção escolar, aos serviços de secretaria e outras atividades, o que Paro (2002) denomina de atividades-meio, quanto atividades de ensino-aprendizagem, ou seja, atividades-fim, pois a mesma além de diretora é professora.
Quanto às atividades-fim, ela, junto às demais professoras, organizava dramas, bailes, quadrilhas, passeios para os municípios vizinhos. Essas atividades eram ensaiadas meses afinco e quando os alunos estavam preparados apresentavam os dramas para a comunidade no Centro Artístico e Operário Tourense, fundado em 1921 (demolido nos anos de 1970). As quadrilhas eram apresentadas na Quadra do Grupo Escolar e envolvia toda a comunidade, além dos bailes e passeios para os municípios vizinhos que a turma adorava.

    A professora Neuza de Aguiar e sua ex-aluna e professora Paula Frassinete em 2002 em Natal (foto do arquivo da professora Maria Antônia Teixeira da Costa)

O Grupo Escolar era um palco cultural e todos o valorizavam. “O folclore tourense manifestou-se com intensidade e alegria nas representações teatrais levadas a efeito no palco do Centro Operário Tourense e no Grupo Escolar Cel Antônio do Lago [...] (PATRIOTA, 2000, p.109).
Algumas das festas citadas, como a páscoa, o dia das mães, o dia Sete de Setembro, o dia do professor, envolvia toda a comunidade. No caso do Grupo Escolar Cel Antônio do Lago, o envolvimento da comunidade era enorme, inclusive as professoras colaboravam com o Centro Artístico Operário Tourense.
Quanto ao material didático a professora Neuza de Aguiar revelou que usava em sua aula os livros, entre eles o de Admissão ao Ginásio, utilizava mapas e o globo. Paula Frassinetti, sua aluna, nos relata que esse material didático foi sendo ampliado à medida que as professoras se especializavam, o que foi acontecendo, no seu caso, a partir de 1962, ano em que ela começou a ensinar no Grupo Escolar Cel Antônio do Lago, quando a professora Neuza de Aguiar era diretora.
Os livros didáticos, conforme a nossa pesquisa no Jornal “A República”, eram adotados pelo Departamento de Educação, o qual publicava através de portarias, as relações dos livros a serem trabalhos nas escolas primárias. As relações eram diferenciadas para os Grupos Escolares, as Escolas Reunidas e as Escolas Isoladas. (A REPÚBLICA, jul.1946). Conforme a professora Neuza de Aguiar, a leitura era realizada todos os dias em sua sala de aula e isso mesmo ela cobrava de suas colegas professoras, havendo um respeito entre todas.
De acordo com os depoimentos de Paula Frassinetti, sua ex-aluna de 1956 a 1960 e a partir de 1962, professora do Grupo Escolar Antônio do Lago, a professora Neuza de Aguiar era competente, correta, dava aula com domínio de conteúdo, parece que tudo estava em sua cabeça, pois não precisava olhar para nenhum papel. Como aluna da referida professora, ela relembra quando estudou a 5ª série, o livro indicado era o Programa de Admissão ao Ginásio. As provas eram chamadas sabatinas. A professora Neuza de Aguiar chamava o aluno pela caderneta o qual retirava o bilhete de dentro de uma caixa e explanava o assunto. Após a explanação vinham as perguntas. Na leitura era assim: ela indicava o aluno para iniciar a leitura, batia palma e o aluno seguinte continuava a ler, o outro deveria ficar atento para continuar de onde o outro parou.
Com a publicação de sua aposentadoria em 19 de julho de 1969, no Diário Oficial do Estado do Rio Grande do Norte, aposentou-se a professora Neuza de Aguiar, no cargo de professora do Ensino Primário, do Quadro do Magistério Público do Estado, lotada no Grupo Escolar Antônio do Lago. Relatos nos permitem afirmar que ao adentrarmos o velho e abandonado Grupo Escolar Cel Antônio do Lago, parece que ouvimos o ressoar do sapato da professora Neuza de Aguiar, batendo forte no assoalho do Grupo: toc, toc, toc, e todos vão se organizando e se recolhendo em suas travessuras.

A professora Neuza de Aguiar partiu (morreu) em 2003 e deixou para a história do povo de Touros um grande legado educacional.





     O Grupo Escolar Cel Antônio do Lago - Touros -RN, onde a professora Neuza de Aguiar dedicou sua vida


                                                    Maria Antônia Teixeira da Costa


Observações: Texto escrito em 2008 pela professora Maria Antônia Teixeira da Costa com algumas adaptações para essa publicação no memórias de Touros -Rn


segunda-feira, 23 de setembro de 2013

A PROFESSORA NEUZA DE AGUIAR E SEU LEGADO EDUCACIONAL

                                                                              PARTE I



     A professora Neuza de Aguiar. De Pé, da sua esquerda para a direita, a terceira normalista. Essa é a sua turma da Escola Normal de Natal. Em 28 de novembro de 1929, o diretor da Escola Normal de Natal, Theodoro Câmara, conferiu a Neuza de Aguiar o diploma de professora primária com todos os direitos e prerrogativas que lhe eram inerentes (Foto do Arquivo de Maria Antônia Teixeira da Costa)




O objetivo deste artigo é reconstruir a história da professora Neuza de Aguiar na perspectiva de contribuir com a história da educação do município de Touros-RN. Para isto, recorremos às entrevistas que realizamos com a professora citada em três momentos distintos: no ano de 1988, quando ela morava à Rua Princesa Isabel no bairro da Cidade Alta em Natal e estava com 80 anos de idade; no ano de 1995, quando morava em um pensionato à Rua Rio Branco, no mesmo bairro; e por último em 2000, quando residia com a sua irmã no bairro do Tirol em Natal/RN. Pesquisamos também os documentos, como decretos, leis do Governo do Estado do Rio Grande do Norte acerca da carreira profissional da professora citada; em jornais e livros.

De acordo com suas narrativas, a professora Neuza de Aguiar nasceu em Natal, em 27 de fevereiro de 1908.  Perdeu a sua mãe aos sete anos de idade. Morou com sua família à Rua das Virgens na Ribeira, em Natal, Rio Grande do Norte, depois mudaram para um Sítio na Rua Apodi, em seguida para a Rua Rio Branco. Seu pai era Manoel Raimundo de Aguiar, natural de Guarabira – Paraíba, e Maria Isabel Moraes. A mãe cuidava de casa e o seu pai tinha o curso de Guarda-livros e trabalhava como contador do Banco do Estado do Rio Grande do Norte. Em seu tempo livre o pai da professora Neuza de Aguiar era também músico. Ele vivia da casa para o trabalho, conforme a sua narrativa.

 Ela nos relatou que após a morte de sua mãe seu pai se casou com Maria Luiza Moreira de Aguiar. Do primeiro casamento seu pai teve cinco filhos e do segundo teve 6 filhos. Quando seu papai morreu a professora Neuza tinha 37 anos de idade. No bairro de Lagoa Nova tem uma rua em homenagem ao seu pai, é a Rua Contador Manoel Raimundo Aguiar.  Tem outra rua com o nome de sua irmã “ Rua Professora Creuza Aguiar, e outra rua com o nome de meu irmão é a rua “José Nazareno Aguiar” ele era formado em Ciências contábeis

 
Professora Neuza de Aguiar e demais professoras, em frente ao Grupo Escolar Cel Antônio do Lago nos anos de 1960.




Neuza de Aguiar estudou o primário no Grupo Escolar Augusto Severo, em Natal depois no Colégio da Conceição. Lá no colégio da Conceição aprendeu a bordar, tinha também religião. Sobre o seu primário nos anos de 1916, ela nos afirma: “Os anos vão passando, a gente esquece de umas coisas e lembra de outras. Naquela época os meninos respeitavam os professores.  Hoje os meninos não ligam para os professores. Os professores têm mais medo dos meninos do que os meninos dos professores. Os professores não se dão respeito. Antes a gente respeitava os meninos.”(Entrevista concedida à autora em outubro de 2000)

Em 1926, a professora, aos 18 anos de idade, iniciou a Escola Normal. De acordo com o Estatuto da Escola Normal de Natal que vigorou nos anos em que Neuza de Aguiar estudou na Escola, o candidato que desejasse ingressar na referida escola necessitava atender uma série de requisitos entre eles: ter de 15 a 25 anos de idade, não ter doença contagiosa nem defeitos físicos, ter boa conduta moral e escolar comprovada, ter sido aprovado no Exame de Admissão. Nesse sentido, a professora Neuza de Aguiar fez o Curso Preparatório na escola particular do professor Francisco Ivo no ano de 1925 e ingressou no 1º ano da Escola Normal em 1926. Diz ela: “Estudei para ser professora na Escola Normal de Natal, conclui em 1929, aos 21 anos de idade. Essa escola funcionava no Grupo Escolar Augusto Severo, na Ribeira, em quatro anos. Era muito diferente.”



 Continua...


 Maria Antônia Teixeira da Costa