segunda-feira, 23 de setembro de 2013

A Procissão do Bom Jesus dos Navegantes em Touros - RN - ( PARTE II )

                                                              

Relembro agora de seu Lucas do Motor, Luiz Emídio da Costa, meu pai, nos idos de 1970, sentava-se à porta da casa situando à Rua Cel. Antônio Antunes e ficava a contar quantos carros chegavam à cidade. Revejo-me feliz pela roupa nova que eu iria vestir, pelas brincadeiras que iria realizar no parque infantil com suas baleeiras, a roda gigante, os balanços que eram a animação da criançada. Nestes anos esses brinquedos se fixavam ao lado do mercado municipal da cidade, outras por trás do antigo posto da Telemar. Havia barracas com as mercadorias, santinhos, anéis, roupas, tudo que se poderia imaginar para serem vendidos.

Os sinos repicavam fervorosamente chamando os fiéis para a procissão, os foguetões explodiam no ar e a banda de música começava e entoar cânticos religiosos. Saia à procissão. A imagem do Bom Jesus sendo carregada por homens, entre eles pescadores que se orgulhavam deste momento. O carro de som com alguém responsável pelas orientações para os fiéis. Acompanhava a procissão dezenas de pessoas, algumas com pedras sobre suas cabeças, outras de pés descalços, outras ainda, vestidas com trajes como as roupas de São Francisco de Assis, outras com a farda de sua profissão. Elas pagam algumas promessas realizadas. Adiante a banda de música tocava o hino do Bom Jesus dos Navegantes.
      Procissão do Bom Jesus dos Navegantes de Touros, em 01 de janeiro de 2013.




Hino do Bom Jesus dos Navegantes                                       


1.      Meigo e bom já suspenso no madeiro/Ostentado as agruras do sofrer/ Bom Jesus, Deus e homem verdadeiro/que por nós veio à terra padecer.

REF.: DIVINO BOM JESUS DOS NAVEGANTES / OS TEUS FILHOS PROTEGE COM VIGOR; NOS LARES OU NAS LIDAS OFEGANTES/SEMPRE SE GUIA, MESTRE E BOM PASTOR
2.      A coroa de espinhos na cabeça/torturando esta parte tão sensível/Nos ensine um amor que não feneça/crie em nós uma fé imperecível.


3. Estas chagas que a lança abriu no lado/perfurando o amante coração/cure em nós os afetos desregrados/Aumentando a virtude e o amor são.


4. Estes pés estas mãos dilaceradas/Nas agruras de atrozes sofrimentos/ao dever nos conduz, encaminhados/para o bem, pela lei dos mandamentos.


5. E do trono da cruz a dominar/ A Paróquia ouve o hino que ela entoa/Na cidade, nos campos ou no mar/os teus filhos protege e abençoa (Letra e Música: Pe. Antônio Antas)


Ao som deste hino entoado pelos fiéis, pela banda de música e pelo carro de som a procissão contornava as principais ruas da cidade de Touros. Em seguida, a imagem do Bom Jesus é levada até a beira da praia. Neste momento há uma parada e benção aos pescadores. Cenário belo a imagem do Bom Jesus com a multidão diante da imensidão do mar. Termina a procissão com a imagem entrando na Igreja e a celebração da missa.

        Procissão do Bom Jesus dos Navegantes - Touros - RN . 01 de janeiro de 2013

 A procissão do Bom Jesus é a culminância dos festejos que se iniciam antes do Natal e terminam no primeiro dia de cada ano que se inicia. É o momento onde negro, branco, rico, pobre, velho e moço, criança e adulto se unem em confraternização ao “Senhor Bom Jesus”. É o momento onde as diferenças sociais apesar de evidentes não fazem diferença. Neste dia, a cidade fervilha de pessoas, de vozes, de sentimentos diversos. A alegria é misturada a tristeza, a dor ao amor, a morte a vida. Ressurgem ao entardecer do dia primeiro de janeiro de cada ano esperanças de um mundo melhor, mais humano, cheio de paz. Que o Bom Jesus “nos ensine um amor que não feneça e crie em nós uma fé imperecível”.

No outro dia, pela manhã, é a subida do Bom Jesus dos Navegantes ao trono... 


Maria Antônia Teixeira da Costa








 










2 comentários:

  1. Tenho inúmeras recordações de minhas férias passadas em Touros. Minha raíz materna é da cidade. Minha bisavó era Cândida Teixeira e meu Bisavô José Teixeira de Andrade. Eles tiveram 07 filhos :José Teixeira de Andrade Filho, Juca de Andrade Teixeira, Maria Anunciada de Andrade Alecrim (minha avó), Maria do Carmo de Andrade Ribeiro, Maria Terceira de Andrade Neri, Geraldo de Andrade Teixeira e Maria Tereza de Andrade Teixeira (Teteta). Lembro-me das brincadeiras em frente a casa da bisa que chamava-mos Dindinha, de amanhecer o dia com os canecos de alumínio comprado nas barracas da festa e com o nome gravado para tomar leite das vacas de tio Geraldo , de ouvir Teteta (Terezinha Teixeira) professora renomada da cidade recitando, de comer beleza, pirulito puxa-puxa......., dos banhos de cacimba, das festas no clube dos pescadores e depois no clube já na rua da frente (como se diz por lá) onde hoje é o Centro de Turismo, dos passeios ao farol a pé .....era uma viagem....de ficar na rua só até a luz piscar pela 1ª vez pq depois se apagava pois era proveniente de um motor e nesse intervalo se acendiam cadeeiros e lamparinas. Lembro do alto-falante da Igreja que anunciava o que acontecia na cidade e chamava pra missa. Mas a marca que tenho até hoje é a da devoção do povo pelo Bom Jesus. A imagem de Cristo cruxificado mais linda que já vi. Tenho Touros no coração.

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Iza, bom dia. Fico feliz em conhecer um pouco sobre a sua família. As nossas memórias ficarão perdidas no tempo e no espaço se não fizermos nossas narrativas, nossos depoimentos. Obrigada por tudo. Conto com você.

      Excluir

Obrigada pela sua visita. Deixe aqui o seu comentário e possíveis sugestões. Lembrando que eventuais comentários agressivos ou de baixo calão serão removidos da página.