Maria Antônia Teixeira da Costa
Histórias são para serem contadas,
preservadas, seja pela oralidade seja pela escrita. Decidimos escrever o que
aprendemos através da oralidade, pois se passam os anos e o tempo e vamos
perdendo a memória e as nossas histórias muitas vezes ficam no esquecimento e
morrem com as gerações. Como filha de Maria do Céu Teixeira da Costa, apresento
para todos, a sua história como Auxiliar de Enfermagem, formada pela Escola de
Auxiliares de Enfermagem de Natal/RN e como parteira de Touros-RN. Ela realizou
partos em mulheres de Touros e adjacências nos idos de 1959 a 1965. O parto
aqui tratado refere-se, como nos afirma Aurélio, “ao processo de nascimento, no
qual o feto, a placenta e as membranas fetais são expelidos do aparelho
reprodutor materno”.
Maria do Céu e colegas da Escola
Conforme informações de Maria do Céu, há
vários tipos de parto: cesariana, cócoras, natural, fórceps. Na cesariana, abre-se
o abdome da mulher para retirar o feto; o parto de cócoras, como o nome afirma,
a mulher fica de cócoras, geralmente auxiliada por uma cadeira e tem o seu
filho, é um parto muito utilizado pelas índias; o parto natural é aquele
realizado sem artifícios, espontaneamente; No parto fórceps é utilizado
instrumento para extrair a criança do útero, comumente fala-se: “puxar a
criança a ferro”.
Diante do exposto perguntamos: como eram
realizados os partos de mulheres de Touros e adjacências nos anos de 1959 a
1965? Quem os realizava? Quais as condições da saúde em Touros nesse período?
Para respondermos tais perguntas, conversamos com Maria do Céu sobre o referido
assunto e realizamos uma entrevista gravada em janeiro de 2003. Além disso,
contamos com as minhas memórias e da minha irmã Maria Alécia. Inicialmente
falaremos um pouco sobre mamãe, em seguida sobre a sua formação profissional e
posteriormente sobre sua atuação profissional.
Maria do Céu Teixeira da Costa foi registrada
como filha de Touros. Nasceu em 25 de março de 1938 e conta hoje (2015) com 77
anos de idade. Viúva, foi casada com Luiz Emídio da Costa e teve dez filhos, destes, são
vivos oito.
Foi a primeira diretora da Maternidade de
Touros , exerceu essa função nos anos de 1962 e 1963. Deixou a Maternidade, e a
profissão que tanto amou por motivos aqui não revelados. Foi quando passou a
exercer a docência primária a partir de 1965, profissão na qual se aposentou,
apesar de sempre ter amado a enfermagem.
Aos dezoito anos de idade a convite do Padre
José Luiz, da Paróquia de Touros, e com a permissão de sua mãe Maria Soledade
do Nascimento, segue para Natal para fazer o curso de Auxiliar de Enfermagem.
Conforme o escritor e historiador Itamar de Souza, a Escola de Auxiliar de
Enfermagem de Natal surgiu da iniciativa do Dr. Januário Cicco em 1950. Diante
das dificuldades, apenas recebeu autorização do Ministério da Educação e Saúde,
para ser colocada em funcionamento, em 17 de dezembro de 1955.
Mamãe nos relatou que o seu Curso de Auxiliar
de Enfermagem foi realizado nos anos de 1956 e 1957 no Hospital conhecido hoje
como Hospital Onofre Lopes. Durante um ano as alunas eram internas e durante
seis meses eram externas. A equipe de professoras era bem treinada, entre elas,
foram lembradas: Dona Nice Menezes de Oliveira, alagoana; Geny Carvalho de Oliveira, pernambucana, professora
excelente de Técnica de Enfermagem e a professora Dona Maria de Lourdes Lopes, a primeira diretora da Escola de Enfermagem.
Ela era formada pela Escola de Enfermagem Ana Nery do Rio de Janeiro. Conviveu também com a Freira Ana Amasilles
Rocha.
Ela nos narra ainda, que estudou muito, o
curso era muito puxado. Estudou disciplinas tais como: Microbiologia,
Obstetrícia, Biologia, Técnica de Enfermagem, Nutrição e Saúde, Pediatria,
Noções de Patologias Médicas. Além disso, o estágio tinha a duração de um ano.
A disciplina era rígida. Às sete da manhã todas as estagiárias deveriam estar
na sala para a chamada e para a distribuição de tarefas do dia. Havia a clínica
médica masculina e a clínica médica feminina. A roupa era de listra com avental
branco e deveria estar impecável. Ao meio-dia era o horário do almoço. Eram
muitas moças e a mesa do refeitório bem grande. Após o almoço, havia o descanso
para recomeçar a tarde com aulas teóricas.
A primeira cirurgia que mamãe instrumentou
foi uma apendicite com o doutor Paulo Galvão. Para ela o referido doutor era
muito humano e paciente. Já o Doutor Hiram Diogo Fernandes, era cirurgião
também, muito alvoroçado e as meninas ficavam com medo dele. Assistiu muitas
cirurgias. Lembra-se de uma delas que foi de uma moça do município de Touros
que estava com gangrena no intestino. Essa operação foi realizada pelo Dr. José
Tavares e seus auxiliares.
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